A partir de Juara, onde o esporte de montaria feminina é estimulado, uma castanheirense faz história.
Em Castanheira, onde o pó das arenas se mistura com o suor da determinação, há uma história que galopa — não só sobre cascos, mas sobre coração. Maria Eduarda não monta: ela dança com os cavalos, escrevendo versos de coragem no alvoroço do bereback, categoria que exige mais que força: exige alma.
"O cavalo é o espelho da alma do cavaleiro", já dizia o velho ditado equestre. E naquele gingado firme, no balanço que desafia a gravidade, vê-se a herança de uma família que transformou arenas em palcos e montaria em poesia. O pai, Rogério, cortou ventos no cutiano; a mãe, Rosirene, foi tempestade em saias. O irmão, Luiz Carlos, enfrenta touros como quem desafia o próprio destino. E no meio desse redemoinho, Maria Eduarda cavalga — não só por Juara, onde agora reside, mas por Castanheira, sua raiz, seu estandarte.
"Nenhum vento sopra a favor de quem não sabe para onde vai", ecoa Sêneca. E ela sabe. Cada competição é um verso; cada vitória, uma estrofe. Recentemente, na arena que a vê crescer, ergueu o troféu entre mais de uma dezena de rivais, com 100% de aproveitamento, provando que o bereback — tão duro quanto belo — é território de quem não tem medo de sujar as mãos de poeira e o coração de glória.
Mas sua história não é só dela. É de Valdirene, a conselheira; de Rosirene, a mãe que viu o passado renascer nos olhos da filha; da Cia Castelo de Sonhos, que mantém viva a chama da montaria feminina. "O esporte é um diálogo entre gerações", diria alguém. E Maria Eduarda ouviu. Do Pará a Mato Grosso, onde subiu no mais alto do pódio, seu nome já é sinônimo de resistência — a mesma que Rosirene um dia viveu e que agora aplaude, das arquibancadas, com orgulho que só mães conhecem.
Grande é Maria Eduarda Santos da Silva! Porque ela não compete só por medalhas, mas por um legado. Por todas as meninas que olham para um cavalo e veem, não um animal, mas um parceiro de sonhos. E o sonho, como ela bem sabe, não tem freio.