Seu pedacinho de chão, no Vale do Seringal, foi referência de chegada para muitos assentados.
Apesar de uma velha e surrada identidade indicar o seu nascimento, em Ivaiporã, no Paraná, em 15 de novembro de 1955, e que seus pais eram Elias Bankis e Maria Bankis, “Seo” Antônio Bankis não tinha vínculo familiares desde sua chegada, em Castanheira, nos anos 80 do século passado.
Conhecido como Toizinho, por uns, e “Prefeito” ou "Prefeitinho" por outros, na região do Vale do Seringal, vivia solitário no Sitio Santo Antônio, na região da Comunidade Lambari, no 4º Assentamento. O primeiro modo de ser chamado se deve a uma forma diminutiva e carinhosa de seu nome. A segunda, tem uma razão histórica.
Antônio ou Toizinho era referenciado pelo substantivo que denomina o administrador de um município porque costumava dizer, entre os amigos, que seria o prefeito da região do Vale do Seringal, onde é contado entre os pioneiros. Seu pedacinho de chão foi uma das referências de chegada dos primeiros assentados.
Segundo o professor Lourival Alves da Rocha, foi também um lugar de socorro nos tempos iniciais da vida escolar, pois em agosto a água da escola secava. Como em sua propriedade tinha uma mina, que alguns chamavam de cacimba, uma Toyota da Prefeitura se deslocava para o local, para buscar o líquido precioso.
Entre os poucos amigos na despedida, na noite desta terça-feira, 30, na Casa da Saudade, a Adriana Enfermeira, 47, e a cuidadora Divina Aparecida Fernandes, a Polly, 30, que o encontrou sem vida, por volta das 07h40 da manhã, provavelmente vitimado por um infarto, lembravam de algumas coisas que marcavam sua história.
Adriana não sabe de onde vinha, mas Toizinho tinha o costume de usar um “au au” antes de adjetivar alguma coisa. Era frequente, por exemplo, antes de dizer “que bacana!”. Polly, cuidadora indicada pela Assistência Social do município, fala de uma pessoa querida, que amava pão com mortandela, na hora do lanche, e não almoçava sem carne.
“Dizia que sua família era a Comunidade do Lambari e como eu o atendia na área da saúde, costumava me chamar de mãe”, diz Adriana. Ultimamente vivia da aposentadoria e deixa como referência maior a determinação, pois esteve entre os homens que desbravaram o Vale do Seringal, num tempo que não tinha estrada e não era fácil aguentar o pium, entre outros limites. Valeu “Seo” Antônio! Valeu Toizinho! Valeu prefeito!