Seo Isaías: Um século de História e um legado de luz

Neste sábado, 07, Castanheira não celebra apenas um aniversário, mas um monumento vivo de resistência, amor e sabedoria. Isaías Procópio da Silva, o mineiro de Coroaci que escolheu este chão como seu, completa 100 anos de uma jornada que se confunde com a própria história do município. Seu nome não está apenas registrado no tempo; está gravado no coração de gerações.

"Alguns homens nascem para ser faróis. Suas vidas não se medem em anos, mas em vidas tocadas", disse certa vez um poeta. Isaías é esse farol. Pai de 12 filhos, avô de 25, bisavô de 21, ele construiu não uma árvore genealógica, mas uma floresta de afetos. Sua vida é um testamento vivo do que significa "família" — não apenas pelo sangue, mas pelo suor, pelas risadas compartilhadas nas mesas de baralho, pelas partidas de bocha que viraram lendas, e pelo silêncio eloquente de quem nunca reclamou, mesmo quando a luz dos olhos se apagou e o corpo pediu repouso.

Nascido em Minas Gerais, Isaías chegou a Castanheira em 1993, quando o município ainda respirava os ares da emancipação. Trouxe consigo o suor do trabalho, a fibra do pioneiro e a generosidade do sertanejo. No comércio, nos encontros entre amigos, nas rodas de conversa, ele foi tecendo sua história — não com palavras vazias, mas com gestos. "Um homem bom não é aquele que fala, mas aquele que faz sem precisar anunciar", reflete um amigo.

E que dizer de seu amor por Terezinha, sua companheira desde 1952, cuja memória ainda habita cada canto da casa? Juntos, enfrentaram secas e tempestades, criaram raízes e frutos. Hoje, mesmo acamado e sem enxergar, Isaías ensina uma lição rara, como dizia o filósofo Sêneca: "A vida é longa se você souber usá-la." E ele soube. Soube com maestria.

Em uma era onde tudo é efêmero, Isaías é uma exceção. Um homem que ainda acredita no valor de uma palavra dada, no peso de um conselho sincero, na importância de discernir o bem do mal. "Ele não enxerga mais com os olhos, mas vê mais que muitos de nós", diz um neto emocionado.

Seu segredo para chegar aos 100 anos? Talvez seja o mesmo que o fez vencer tantas batalhas: levantar cedo, trabalhar sem medir esforços e, claro, aquele pecado gastronômico que hoje lhe é negado — um bom pedaço de carne gordurosa, saboreado sem pressa, como quem celebra a vida.

Castanheira hoje se inclina diante de um de seus cidadãos mais ilustres. Não para dizer adeus, mas para celebrar. Porque homens como Isaías não são lidos em páginas passadas — são livros abertos, ainda escrevendo sua saga. "Cem anos não são suficientes para contar sua história. Mas cada dia ao seu lado é uma lição."

Feliz 100 anos, Isaías. Que sua luz continue a nos guiar.