Quase 40 anos fizeram da Linha 02 o lugar de pertencimento desta pioneira de Castanheira.
Há pessoas que não apenas passam pela terra — enraízam-se nela. Assim foi Josina Rodrigues dos Santos, que ao chegar a Castanheira em 1986, ao lado do esposo João Vicente dos Santos, tornou-se raiz, sombra e fruto na história dos pioneiros desta terra. Baiana de Catolé do Rocha, moldada pelos caminhos de São Paulo e Tangará da Serra, trouxe na alma a coragem dos que sabem recomeçar.
Quase quarenta anos fizeram da Linha 02 o seu lugar de pertencimento, onde o tempo aprendeu a ser casa, abraço e memória. Hoje, na Casa da Saudade, o silêncio diz mais do que mil palavras: ela cumpriu sua missão na terra dos viventes.
“Exemplo”, diz Cida.
“Amor”, traduz Márcia.
“Acolhimento”, testemunha Maridalva.
E os netos, herdeiros do seu riso, transformam lembrança em eternidade:Izadora fala de uma avó sempre sorridente e brincalhona e Igor lembra o carisma que aquecia os dias. A amiga Dandi, com lágrimas nos olhos, guarda o caráter, o companheirismo e o carinho que nunca falharam.
Porque, como escreveu Antoine de Saint-Exupéry, “é o tempo que dedicaste à tua rosa que a fez tão importante”. Dona Josina foi essa rosa no Sítio São Vicente: cuidou de flores e animais, transformou conversas em eternas tardes, fez do café e da prosa um altar simples de comunhão. Gostava de receber, de dançar, de saborear a vida — e assim ensinou, sem discursos, o valor de estar presente.
Também Santo Agostinho dizia: “A morte não é nada. Eu apenas passei para o outro lado do caminho.” E é assim que ela permanece: do outro lado da saudade, mas dentro da memória.
Hoje, o Sítio São Vicente sente o eco do seu passo que já não soa, do riso que agora mora nas paredes, do abraço que virou lembrança. Ficam os 7 filhos, os 11 netos, os 8 bisnetos — e um legado que não se enterra: o amor vivido em gestos simples.
As despedidas seguem até às 17h desta segunda-feira (08), quando seu corpo será sepultado no Cemitério Bom Jesus — mas o que ela plantou, o tempo jamais arrancará.
Porque há vidas que não terminam: viram eternidade dentro da gente.