Não é de hoje que grupos organizados da sociedade exercem influência em áreas como a economia e a política.
Quem toma tereré ou chimarrão, em Castanheira, costumes que ligam a terra às culturas pantaneiras e gaúcha, não imagina que a indústria ervateira ocupa um capítulo importante na história do Estado, em seus primórdios.
O Castanheira News teve acesso a um documento histórico, uma carta ao “Governo de Cuiabá”, datado de 24 de dezembro de 1.879, pertencente ao Arquivo Histórico do Estado, encaminhado por Tomaz Laranjeira.
Os professores de história da Escola Maria Quitéria deveriam mergulhar na atividade ervateira, pois vão encontrar temas relevantes ligados a economia do hoje pujante Estado, pois a indústria do produto, a partir do Século 19, carreou para os cofres públicos quantia razoável em dinheiro.
Além da economia, deixou profunda influência na vida social, na cultura e no folclore. E, como não poderia deixar de ser, na política.
No livro “Ciclo da Erva-Mate em Mato Grosso do Sul 1883-1947”, da série história “Coletânea”, com textos de Hélio Serejo, Gilmar Arruda, Rubens de Aquino, Otávio Gonçalves Gomes e Athamaril Saldanha, na página 36, temos o seguinte registro: “Em Cuiabá, a Empresa Mate, junto ao governo e particulares – por força de seu assombroso crescimento industrial – mandava e não pedia, como se dizia em qualquer roda”.
Segundo o texto, desse poderio “não tardou muito em surgir uma avassaladora influência nos meios políticos do Estado de Mato Grosso (...). Transformou-se, eleitoralmente, em uma força descomunal. Era ouvida e consultada, tanto no norte como no sul. Passou a pesar, consideravelmente, nos pleitos eleitorais”.
Como Salomão, o Rei bíblico, costumava dizer, em seu tempo, nada de novo abaixo do sol, afinal a força deste segmento podia ser medida nos resultados: escolhia e elegia os candidatos que indicava. Nunca foi surpresa a vitória, nas urnas, de seus indicados para governador, vice, deputado estadual, deputado federal e senado.
Alguém pode perguntar se “havia contestações”. Sim, relata a obra citada, observando que elas eram “tão inexpressivas, que se apagavam, desapareciam para caírem no esquecimento rapidamente”. Qualquer semelhança com determinados grupos, nos dias atuais, não é mera coincidência.