18 horas. 05 de janeiro de 2019. Há exatos 53 dias, Dona Terezinha Ferreira da Silva, olhou para o seu amado, “Seo” Isaías Procópio, hoje com 93 anos, e balbuciou as últimas palavras: Estou Morrendo!. “E foi assim, de forma muito rápida, sem dor, que ela nos deixou”, diz Eunice Geralda da Silva, lembrando que ela estava muito feliz, naquele sábado, a ponto de comer pipoca e brincar com o seu velho, dando-lhe um toque do jeito moleque, em seu rosto, numa das ocasiões.
Os olhos de Eunice, uma entre os onze filhos de Dona Terezinha – sete homens e quatro mulheres –, brilham quando fala da mãe, nascida em Santo Antônio do Rio Abaixo, município mineiro situado a 190 quilômetros de Belo Horizonte, na Bacia do Rio Doce, em 03 de maio de 1930 e que desde 1993 adotaria Castanheira, no noroeste de Mato Grosso, como terra dos sonhos, tendo, entre essas duas referências, um capítulo importante em Coroaci, Minas, onde casou-se, em 1952.
Na casa onde viveu seus últimos dias, na Rua João Brasil, nas proximidades do Mercado Master, maior referência de sua família em Castanheira, desativado em setembro do ano passado, hoje é só saudade. “Seo” Isaías, que não tem mais a companheira de muitas prosas, está mais silencioso. Os quatro filhos que residem em Castanheira, os netos e os bisnetos, não se acostumaram com a ausência. E na ausência desta referência insubstituível, relembram situações e práticas que marcaram quase nove décadas de vida. “Em maio ela faria 89 anos”, destaca Edmar, um dos filhos.
No ato de trazerem a memória o que suscita lembranças, todos alegam que nunca vão esquecer o sabor dos pratos preparados por Dona Terezinha, que chegou a ganhar concursos nos tempos de Minas, pelo toque diferenciado no fazer. “Ela preparava doces maravilhosos e uma católica fervorosa!”, destaca um dos netos, lembrando que a avó também adorava pescar. Talvez como uma forma de homenagem, vinda de outra dimensão, seu sepultamento foi marcado por intensa chuva. Naquele momento foi inevitável para quem com ela conviveu não lembrar de uma frase costumeira em seus lábios, especialmente quando contemplava uma corredeira, num rio ou córrego: “Gosto de água, ela leva os meus problemas!”. Agora lembrará uma bela história.
Depoimentos
“Dona Tereza Foi a primeira pessoa da família a abrir a porta da cozinha pra mim, me ofereceu uns votos pra rainha do festival em Coroaci, "era ótima vendedora" a candidata era sua filha Elci 20/07/80.
De lá pra cá foi uma amizade recíproca, além de sogra. Muitos casos contados ao longo desses 38,6 anos, sempre na cozinha, que sempre foi "farta para todos" ou na varanda contando suas alegrias e dessabores "mais alegrias".
Muitos passeios "nas casas dos Ferreiras. Ah! como gostava desses Ferreiras! Muitas pescarias, muitas risadas.
Na última viagem/encontro com ela/eles dez/jan 2019, disse a ela quem fosse primeiro para o céu, esperava o outro pra pescar lá, se eu fosse por último ela teria q me esperar uns 200 anos, é que com certeza eu passaria pelo purgatório; ela me respondeu "deixa de bobagem!"
Obrigado dona Tereza pela sua amizade e consideração!
Saudades para sempre!
Lélis, genro desde 20/07/1980
Belo Horizonte Minas Gerais
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“Vó Teresa, minha vó e madrinha de crisma. Apesar de nosso pouco contato, devido à distância, tenho ótimas lembranças, principalmente com comidas: Desde a batatinha frita que eu não quis comer, passando pelo pastelão de frango, até o pé de moleque com amendoim moído! Ai ai engraçado é isso! Boas lembranças também com as notinhas de R$10 reais que sempre ela nos dava quando nos encontrávamos. Nunca faltou uma lembrancinha nesses momentos!!!
Bel, neta.